👽 Virtual Humans: Instagram Filters e WarNymph, o alter-ego de GRIMES.
Um pequeno passo no digital, um grande passo para a Transumanidade, como já dizia Bethany de YEARS and YEARS.

Yo. O Snapchat pode não ser nada daqui a dez anos, mas os filtros serão definitivamente. A única diferença é que os vamos poder usar na vida real, e não apenas nas stories do Instagram.
Há uns tempos, assisti a umas das melhores séries que mostram o apocalipse dos dias de hoje, e se Trump voltar a ganhar estamos no caminho certo.
Years and Years, onde Bethany, uma adolescente da idade da minha sobrinha mostra a sua coleção real de filtros. Enquanto mostra como a tecnologia do futuro funciona, ela revela que é trans. Mas não é Transgênero, o que a maioria de nós vais achar.
Ela é Transumana e abre uma porta no tempo, mostrando que em 2024 haverá uma clínica na Suiça pesquisando “transumanismo” na esperança de que os humanos possam ser transferidos para a cloud, os nossos corpos morrem e os nossos cérebros viram data.
Pode parecer rebuscado, mas o transumanismo é realmente uma cena dos dias de hoje, embora não tão avançado como daqui a 5 anos.

Tudo isto para dizer que nunca estivémos tão próximos de uma não distinção entre o IRL e o URL.
Uma das mais recenetes capas da Paper Magazine com a Lady Gaga, a capa da Rolling Stone dos Grimes e a The Music Issue da The New York Times Magazine exploraram fronteiras entre o físico e o digital e mostraram que as paredes entre o IRL e o URL são demasiado ténues para criar uma experiência totalmente integrada e contínua que fala com as nossas identidades offline e online.
As experiências são inúmeras, e volto a falar de Grimes, que separou oficialmente a sua identidade offline da identidade online e deu vida ao seu “eu digital” chamado WarNymph. É verdade que, desde que me lembro, tem explorado os limites da criatividade, mas a verdade é que nos está a mostrar um novo futuro em que a realidade e a autenticidade têm espaço para existir ao lado do que é abertamente falso.

O seu alter-ego nasceu nas suas próprias redes sociais, de forma a sair dos holofotes e assumir o papel em que ela se sinta mais confortável, derrotando os trolls da internet, os críticos musicais mal humorados que tiram as suas palavras do contexto, os produtores que duvidam do seu talento e por aí. Isto porque toda a gente está a viver duas vidas, sendo esta experiência de Grimes não só uma forma de separar dois universos para manter a saúde mental, como também por diversão, de forma a viver diferentes vidas, como num verdadeiro videojogo, onde as pessoas vivem vidas completas e complexas em mundos e corpos preferíveis.
É desta forma que um avatar nos permite jogar com os pontos fortes da existência digital ao invés de ser um humano tentando explorar um mundo que não foi feito para nós, pois o corpo digital pode envelhecer, morrer, renascer, mudar o rosto, contribuindo para um grande potencial de identidade e explorando novos “eus”. O nosso eu humano é muito mais limitado.
A exploração dos avatars hoje em dia, mais do que diversão são já formas de trabalho e representação, como foi o caso de Grimes, que com a sua gravidez e o desejo da maternidade e de aproveitar o tempo em família, continuou a ser representada por WarNymph, o seu eu digital, não só em capas de revista na apresentação do último álbum, como foi o caso da The Face Magazine.
São várias as marcas com avatars, são vários os influencer-avatars criados para ditar tendências e com entidades desconhecidas atrás, mas são ainda poucos os humanos virtuais assumidos, como é o caso de Grimes, onde WarNymph acaba por ser um processo em construção. A versão disponível é a v1 que começa como um bebé, mas cuja ideia é aperceiçoar com Mac Boucher a modulação 3D do personagem, poupando recursos e tornando-o mais próximo da vida real, com potencial de levar a identidade de Grimes para mundos que simplesmente não podem existir na realidade.
Ainda eu estava preocupado com a veracidade dos Instagram Stories da Carolina Patrocínio. Damn.